A experiência em sala de aula nos moldes tradicionais precisa ser modificada. Docentes e
discentes estão muitas vezes desinteressados pela matéria, convivendo em um espaço que não os estimula a agir com criatividade.
As causas para esse desinteresse e tédio são variadas, como baixo investimento na educação e sucateamento da carreira dos professores, e vou colocar o foco em apenas um elemento: a tecnologia.
Aparentemente desconectados da experiência pedagógica, os estudantes estão
energicamente conectados a seus aparelhos tecnológicos. Até mesmo na sala de aula: há olhares fixos em celulares e tablets, em fluxos de comunicação intensos. A disposição desses estudantes com seus aparelhos de comunicação geralmente contrasta com a apatia com que encaram a experiência pedagógica.
Há duas principais alternativas nessa situação. Primeiramente, pode-se banir o uso da
tecnologia em sala de aula. O frenesi tecnológico impossibilita o aprendizado, pois distrai e
estimula a preguiça. Em especial, há pedagogos que defendem o banimento em sala de aula e o desestímulo à utilização em trabalhos da Wikipédia, a enciclopédia multilíngue, redigida de maneira colaborativa por centenas de milhares de pessoas em todo o mundo.
O problema com a postura do banimento e da aversão às novas tecnologias é que a
integração dos equipamentos digitais com a experiência pedagógica não é uma eventualidade, mas a realidade. O banimento é virtualmente insustentável, na medida em que: (1) levaria a uma tamanha desconexão entre a experiência pedagógica e a altamente tecnológica realidade que o momento do aprendizado se torna indesejável, inviável e inatingível; e (2) pressupõe que o formato da experiência pedagógica sem a integração com as novas tecnologias era universalmente boa, o que simplesmente não se sustenta. A educação está em crise e as novas tecnologias podem contribuir a solucioná-la.
O desafio que se coloca aos educadores é como aproveitar as tecnologias digitais para
potencializar o aprendizado. Por um lado, isso é facilitado porque tais tecnologias atraem os
estudantes, que lhes dedicam tempo e energia. Por outro lado, as práticas comuns de crianças e jovens com tais equipamentos e programas eletrônicos são apenas de entretenimento. O educador precisa então assumir uma posição de guia no aproveitamento qualificado das novas tecnologias, que já despertam naturalmente o interesse das novas gerações.
As tecnologias wiki, em especial a Wikipédia, apresentam características que as tornam
particularmente compatíveis com uma experiência de aprendizado dinâmica e motivadora. As tecnologias wiki fazem parte de um conjunto de ferramentas eletrônicas relativamente novas conhecido como “serviços web 2.0”, em que a internet é utilizada como plataforma de interação e participação dos usuários.O caráter colaborativo dessas tecnologias potencializa a apropriação compartilhada do conhecimento e, mais do que isso, estabelece fundamentos para uma construção participativa desse conhecimento e seus fluxos. As wikis também garantem a possibilidade de desenvolver variadas estratégias de aprendizado, em que os papéis entre especialistas e estudantes, educadores e educandos, transmutam-se dinamicamente. Do ponto de vista técnico, as wikis são uma forma fácil e mais construtiva de corresponder aos anseios de estudantes, que entendem sua formação acadêmica também como uma possibilidade de experimentação tecnológica.E, mais do que isso, a relação com o material que se busca apreender torna-se mais simples e fácil — e divertida — tanto para o professor quanto para o estudante.