Juliana Cunha em frente ao letreiro do States of the Future.

Um futuro mais digital, inclusivo, verde e feito de diversidade: é assim que governantes, especialistas e organizações da sociedade civil pensam os Estados do Futuro

O Wiki Movimento Brasil esteve presente no evento “Estados do Futuro”, que reuniu diversos setores para pensar as transformações necessárias para o Estado do Século XXI em diferentes frentes: digital, educacional, climática, de saúde, política e econômica. Como parte da programação paralela dos painéis do G20, neste ano presidido pelo Brasil, o evento aconteceu no final de julho e foi organizado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O encontro contou com painéis e mesas de diálogo sobre temas relevantes para discutir inovações necessárias no contexto atual. Na mesa sobre “Transformação Digital: Inovações e Desafios”, a assistente de projetos do WMB Juliana Cunha propôs uma reflexão sobre a necessidade de que governos incentivem o conhecimento livre e desenvolvam parcerias com esse viés. 

“Nós acreditamos que o conhecimento é um bem comum e que o acesso aberto e livre a ele promove o progresso, a inovação e o desenvolvimento. Esse princípio tem que ter destaque quando se pensa em quais mecanismos de governança devem ser mobilizados para a transformação digital”, afirmou Juliana durante sua fala.

Além de compartilhar com os demais presentes iniciativas recentes do Wiki Movimento Brasil no âmbito de educação e cultura, como o Guia de Licenciamento da Midiateca Capixaba, Juliana frisou que as novas tecnologias devem desempenhar um papel na melhoria da vida em sociedade. “O combate à desinformação online é urgente, e pode gerar muitos desdobramentos para a vida das pessoas. Isso passa por investir em projetos de interesse público, que permitem uma curadoria colaborativa de conteúdo, com checagem de informações de forma coletiva”, disse. “Além disso, acreditamos que a diversidade é uma das respostas para o combate à realidade digital de uma sub-representatividade e de lacuna de conhecimento de gênero, etnia, cultura, entre outros. Daí a necessidade de incentivo à diversificação dos produtores de conteúdo online.”

Cerca de 40 participantes acompanharam a mesa, que contou com organizações da sociedade civil convocadas para pensar a questão digital, e trouxe também reflexões sobre privacidade no ambiente online, necessidade de inclusão na relação tecnológica entre governo e sociedade, sendo ponto comum a importância do letramento digital da população e a busca por formas de lidar com a Inteligência artificial. Nina da Hora, do Instituto da Hora, ressaltou a importância de financiamento do governo para que a tecnologia não seja desenvolvida apenas sob apoio das big tech, e Eduardo Spantó, do Instituto Jataí, reforçou a ideia de código aberto para pensar Estados do Futuro, com a necessidade de incentivo público em plataformas colaborativas e descentralizadas.

PROGRAMAÇÃO AMPLA

Durante a semana, também ocorreram outras discussões relevantes, como o painel “Desenvolvimento Sustentável e o Papel do Estado”, no dia 24 de julho, que abordou questões de urgência climática e aquecimento global, acesso à água e ao saneamento básico, políticas de financiamento e gestão de recursos para enfrentamento de problemas ambientais. Nele, Letícia Leobet, do Geledés – Instituto da Mulher Negra, ressaltou que não existe desenvolvimento sustentável sem enfrentamento do racismo, e reconheceu o papel das governanças e inovações já conduzidas por diferentes comunidades afrodescendentes no âmbito do desenvolvimento sustentável.

Com a ausência de Ailton Krenak, anteriormente confirmado para o painel, pessoas na plateia se manifestaram sobre a necessidade de destacar também o trabalho realizado pelos povos originários para proteção do meio ambiente.

No mesmo dia, o painel “Transformação do Estado no século XXI” contou com representantes do governo de diferentes países e girou em torno da necessidade de transformação do Estado pelas inovações do século XXI, com especial enfoque na questão tecnológica. Um dos destaques foi para a importância do letramento digital da população, evitando a exclusão de minorias e promovendo a diversidade.

A programação contou também com palestrantes diversos na mesa “Nova Governança Global: a voz do Sul”, que, em consenso, apontaram a necessidade de uma governança global mais diversificada e equitativa, com mais presença e voz do Sul Global, e que reflita o mundo atual, não o de 1945. No painel, palestrantes como Silvio Almeida e Epsy Campbell Barr pontuaram a importância dos direitos humanos de maneira constitutiva para a visão do sul global: uma questão não apenas moral, mas existencial. Epsy Campbell Barr reforçou, inclusive, que não há futuro possível sem reparos aos terrores do passado.

”Diferentes pontos de vista foram colocados no objetivo de pensar em soluções para os problemas que se apresentam na atualidade. Em geral, a ideia de um estado forte, digital, capaz de acolher a diversidade, buscar a inclusão, combater as urgências climáticas e direcionado para o desenvolvimento sustentável guiou o evento”, resumiu Juliana Cunha.  

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